quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Despedida


Pegarei todos os meus sonhos
e os despacharei em envelope pardo,
destinatário incerto, sem remetente
Passarei um pincel escuro no arco-íris
que inocentemente eu desenhei,
carregado de cores...
Só para tirar o cinza de sua vida.

Amassarei de vez todas as flores
de mentirosas esperanças
e arrancarei até mesmo os falsos botões que estão por vir.
Nublarei a noite quando ela me escancarar a lua cheia,
apagarei uma a uma,
todas as estrelas que teimarem em tremeluzir.

Tingirei de negra
a manhã mais luminosa do meu santuário!
Emudecerei o canto do meu sabiá canoro
e não farei mais festa para o meu colibri.
Desfarei todas as pegadas do caminho,
onde os teus passos e os meus poderiam estar perfilados.

Encherei de colcheias e semifusas confusas
todos os fados e canções que arrancaram
lágrimas deste meu coração emocionado.
Farei em pedacinhos,pequenas e grandes
lembranças palpáveis,
sem esquecer aquelas velhas lembranças
do dia em que te ensinei algo
mesmo que tenha sido matemática...

Destroçarei também as recordações não palpáveis,
que um dia me deram provas incontestes de meu amor
E dizimarei todas as angélicas hostes que me
atrelaram a este sonho, esquecidas da minha dor.

E , se porventura em sonhos,
minha alma desvairada te buscar e,
em prantos te encontrar andando pela rua,
Abraça-me, com aquele carinho de antigamente
Porque sonhando, nossas almas não mentem
E a minha te dirá que ainda...
Te desejo.
Adeus!

Jackson Silveira